quarta-feira, 4 de abril de 2012

DO AEROPORTO

Está ventando em Dublin e aquilo que deveria ser primavera está representando um papel de inverno perfeito, ontém pareceu que ia nevar, mas o flocos leves de gelo derretiam no chão. Contudo eu não estou para falar sobre Dublin ou neve, eu estou aqui para falar de aeroportos.
Eu percebi que nos tornamos melhores quando estamos no aeroporto, pois lá, nos despimos das conveniências e nos tornamos somente pessoas que estão esperando perando pessoas, pessoas que estão se despedindo de pessoas, pessoas que estão indo embora porque um dia vieram.
Naquele breve momento de espera que precedirá uma despedida ou uma chegada nos tornamos melhores, porque somos sentimentos, queremos estar próximos e aquecidos e felizes. Um abraço, um beijo, um olhar, um sorriso, um toque, tudo o que precisamos é daquela pessoa que vai chegar ou que vai partir.
Não existem brigas, desentendimentos, mal entendidos ou algo do gênero, nos resumimos à pessoas que estão sentindo algo forte e esse algo não costuma perdurar, porque ele é único. As vezes penso que Deus saí das igrejas e vai para os aeroportos para sentir os seres humanos sendo humanos, amando e esse amor abstrato se tornando na matéria translúcida da lágrima, no movimento do gesto, do abraço, do beijo e trasformando-se novamente no abstrato da inexplicabilidade do amor.
Penso que o lugar favorito de Deus são os aeroportos, pois Ele consegue se reconhecer lá, através dos sentimentos de surgem da matéria humana. Nos aproximamos do divino por estarmos nos despindo daquilo que somos, ou pensamos que somos, e simplesmente assumimos que somos dependentes, que precisamos amar, ser amados e que precisamos de pessoas que estejam conosco e isso só acontece, essa explosão de sentimentos, só acontece no aeroporto.
Eu já disse um dia que amava algumas pessoas, mas eu conheci o sabor dessa palavra e a palavra tornou-se pleno sentimento quando eu estava no aeroporto. Aqueles rostos de amigos, irmãos e mãe se tornaram pleno amor tendo como trilha sonora os sons de chegada e partida dos aviões.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

DA ÍDA PARA HOWTH

Se a paz fosse uma pessoa certamente ela moraria nessa cidade, Howth. Imagina o mar frio, gaivotas planando nos ventos, estáticas no ar, rochedos que saltavam para fora do mar, imponentes e mostrando que ficariam ali para sempre.
Andei por aquele lugar, descobri o som do silêncio, sim... Howth é o lar do silêncio, a o refúgio da paz, uma mistura deliciosa de cidade litorânea e interior... Tudo impecável, pessoas simpáticas... Algo de muito bom passou por lá e decidiu ficar. Pensei nos meus queridos enquanto observava o mar infinito, queria-os lá, comigo, vendo todo aquele espetáculo silencioso, solene...
Adorei estar ali, quero ir mais, as conversas são mais interessantes quando se está em Howth... é como se a cidade te permitisse isso.

Queria vocês aqui. Saudades.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

DA CONVERSA COM A MINHA MÃE

As conversas com a minha mãe são sempre formidáveis, mesmo estando longe fisicamente dela me sinto próximo e acolhido quando troco algumas poucas palavras. Os assuntos são simples, corriqueiros, falamos sobre as coisas que sentimos e sobre trivialidades que falaríamos se estivéssemos ainda morando juntos.
"Isso me acalma, me acolhe a alma, isso me ajuda a viver." Todos os dias sinto falta dela, mas as conversas me mostram que não estou só e que tenho um 'porto seguro' para voltar e isso me dá força para continuar meu objetivo.
Está frio aqui, mas é como se não o sentisse porque ainda me sinto acolhido pelas palavras da minha mãe, ouvi agora que vai nevar... Será??? Mas isso também não me importa, porque me sinto acolhido e quente.

Boa noite a todos...

Nos falamos depois.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

DA SAÍDA SOZINHO

Pensa em um frio. Pensou??? É pouco!
Acordei cedo hoje, tinha que ir até a escola sozinho, confesso que rolou um medo, mas vamos que vamos. Coloquei o nariz para fora e aquela garoazinha misturada com com o vento cortante me recepcionou e decidiram que seriam meus companheiros o dia todo, hehehehe...
Estava um pouco preocupado, pois as ruas em Dublin são muito parecidas, mas eu fui. Segui pela direita, desci a esquerda, percebi que tinha me adiantado, voltei para trás, retomei o caminho e cheguei lá, a escola. Eeeehhhh!!! - Eis que o rapaz da escola me diz: - Você vai ter que ir na rua XYZ para tirar o PPS, uma espécie de CPF.
Não queria ligar para ninguém, podia fazer sozinho, eis que fui e sim, a garoa e vento frio estavam comigo, sem falar nas músicas nos meus ouvidos, sim estava com fones nos ouvidos e isso me animava muito, queria descobrir o lugar, queria ser 'independente', ir e vir.
Enfim, terminei tudo, estou em casa e me senti feliz por não me perder... Isso realmente é uma loucura... é como se eu estivesse aprendendo a andar novamente... passo a passo e descobrindo novas esquinas e ruas e rostos.
Não sei amanhã, mas hoje estou feliz porque estou aprendendo a 'andar sozinho'.

Tchau, a gente se fala!

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

DA CHEGADA

O engraçado é que eu vi um monte de rostos no aeroporto, uma correria tremenda por causa do excesso de peso na mala, e por causa disso eu só consegui ficar poucos momentos com aqueles rostos que pertenciam às pessoas que realmente me importava.
De certo modo agradeço por ter sido uma despedida rápida, pois se não o fosse, certamente eu não iria. Amo todos aqueles de modo especial. Um beijo e um abraço rápido em cada um e um 'eu te amo' para minha mãe com os olhos marejados. Não conseguia ficar aqui, preferi ir embora, na verdade não tinha muita opção, era a ultima chamada.
Fui o ultimo a entrar no avião, uma viagem de 12 horas muito cansativa, não tinha conseguido dormir um segundo se quer, vi a noite indo embora e dia se aproximando me mostrando um mundo novo, tal mundo eu havia sonhado há tempos e estava preste a encontrar.
Cheguei em Amsterdam, engraçado, me senti dentro de um cenário de filme, a cidade mistura algo de novo e velho ao mesmo tempo, o aeroporto imenso e vazio, e logo em seguida a notícia que o meu voo para Dublin já havia partido, teria que esperar até o próximo, mas naquele momento notei que haviam outros brasileiros em busca de um sonho, talvez, do mesmo sonho que o meu. Eles estavam ali por algum motivo que os motivaram a deixar seus lares.
Cheguei em Dublin, frio e uma cidade muito bem arrumada, aquilo sim parecia uma cenário de filme, me senti dentro daqueles filmes ingleses... é tudo muito irreal, sem falar do maldito do sotaque. Gente... doidera pura.
Fui fazer umas correrias hoje, ver alguns documentos e tudo mais. Isso é bom, porque pelo menos não me lembro da saudade. Prometo escrever melhor da próxima vez, tenho mais detalhes, mas logo mais escreverei.

Até lá, tchau!